Conversa com… JOÃO DE MACEDO

A Praia do Norte esteve à conversa com João de Macedo. O surfista conceituado e respeitado pela comunidade do Surf foi o primeiro profissional português e europeu a qualificar-se para correr o Mundial de Ondas Grandes de remada da WSL, terminando no Top 5, na época de 2012/2013.

O João foi o primeiro surfista português e europeu a qualificar-se para o Mundial de Ondas Grandes da WSL. De que forma este feito moldou a sua carreira?
Este feito foi uma grande vitória pessoal e parte do meu investimento em viver na Califórnia e desafiar a onda de Mavericks. Com as minhas performances nesta onda consegui fazer parte de uma comunidade muito especial: a tribo mundial da elite do surf de ondas grandes. Isso também me deu o acesso como WildCard para o Nazaré Challenge quando a Praia do Norte passou a receber o Mundial de Ondas Grandes em 2016.

Tiveste boas prestações no Nazaré Challenge, e alguns azares também, que acabaram em pontos no sobrolho. A entrada da Nazaré para o Circuito Mundial de Ondas Grandes trouxe benefícios aos surfistas portugueses?
A Nazaré hoje em dia não pertence só ao mundo, mas também aos Portugueses. O Nazaré Challenge tem um grande contributo para isso – conjuntamente com o apoio da Câmara Municipal, os surfistas Portugueses através do projecto EDP Mar Sem Fim e também outras iniciativas fazem parte da estrutura para os Portugueses poderem surfar ao mais alto nível no Mundial.
O Nazaré Challenge traz para os melhores surfistas Portugueses de Ondas Grandes um objectivo muito específico. Este campeonato, em conjunto com o fenómeno natural da Praia da Norte e a infraestrutura no Porto da Nazaré para os Wildcards do Nazaré Challenge, reforçam como Portugal e os Portugueses são inevitáveis no mundo das ondas grandes. Algo muito especial para mim mas também para a Nova Geração de surfistas de ondas grandes como o António Laureano e João Maria Mendonça do Algarve.

Conseguiu gerir uma carreira internacional sem um patrocinador oficial durante vários anos. Como é que conseguiu?
Tive que trabalhar muito! Mas “quem corre por gosto, não se cansa” dizem não é?! Desde 2000 confirmei que tenho a sorte de ter uma paixão por ensinar, e embora os meus ex-sócios na Surf Academia não tenham respeitado nem apoiado a minha ligação à Nazaré e ao Mundial de Ondas Grandes, o que me prejudicou recentemente, mantive a ligação ao meu trabalho como treinador, e com uma nova equipa de trabalho espectacular, junto com os meus alunos que me têm apoiado muito nas minhas campanhas na Nazaré, o sucesso está à vista!
Nos anos na Califórnia trabalhei como profissional para a ONG Save The Waves e assim fui Co-Fundador do movimento das Reservas Mundiais de Surf. Continuo sem patrocinador principal o que realmente é complicado, mas a minha equipa actualmente na Surf Academia apoia o meu trabalho e os resultados no Nazaré Challenge têm-me ajudado a ter outras oportunidades para falar para empresas sobre a minha experiência como Big Rider e como isso se traduz em muitas formas com o gerir pressão e risco no mundo empresarial. É interessante! Ou seja, toda a minha vida em torno do surf tem mantido a minha ligação às ondas como surfista profissional tensa mas também mais rica e fecunda.

Como surfista reconhecido no mundo das ondas gigantes, como vê o desenvolvimento desta modalidade em Portugal?
A Nazaré tem sido o maior contributo para o surf de ondas grandes nacional – não só como fenómeno natural, mas como mencionei pelos apoios que agora a Câmara e outros projectos como o EDP Mar Sem Fim dão para apoiar os surfistas nacionais de ondas grandes alcançar os seus sonhos e superarem-se neste palco mundial de ondas grandes.

O João está na Surfer Wall e é habitual presença nas ondas gigantes da Nazaré. Como descreve a sua relação com a Praia do Norte?
É algo muito especial – tenho a coragem de dizer mágico mesmo!! A Praia do Norte é uma força da Natureza que impressiona qualquer um que la vá como surfista profissional, como espectador ou claro surfista recreativo – assim, ao fazer parte de alguns momentos incríveis de interação com a força bruta mas também impiedosa do mar aqui e depois sair vivo é algo que me faz viver mais intensamente, mas também ser mais grato pela vida que tenho e tudo o que está à nossa volta.