A exposição fotográfica, “Slides of Nazaré” da autoria de Leo Domingos, foi inaugurada este sábado no Forte de São Miguel Arcanjo.
A Praia do Norte esteve à conversa com o fotógrafo nazareno.
O que significa para ti fotografar e filmar a Praia do Norte?
Acho que não há nada melhor que fazermos o que gostamos no nosso “quintal”. Estar perto de algo tão significante no desporto mundial é incrível. Gosto de fotografar desporto e juntar o amor pela minha terra, é a mistura perfeita. As imprevisibilidades, o risco, as pessoas que vão aparecendo, e cada um com uma história diferente. O meu conceito para a exposição é misturar um pouco de tudo o que fotografei ao longo dos anos, desde as maiores ondas, até aos nossos famosos dias de verão. Dar a conhecer os feitos incríveis dos atletas, como o nosso património cultural e paisagístico.
Como surgiu a paixão pela fotografia na tua vida?
Começou com uma máquina fotográfica compacta como prenda de natal e fui criando algumas imagens com amigos. A fotografia sempre a vi como um hobby, mas em 2014 foi-me diagnosticado um tumor intestinal. Durante a recuperação fui revendo o que realmente queria seguir na vida a partir daquele momento. A fotografia para mim foi uma maneira de possibilitar fazer algo que gostasse, independentemente de tudo.
Consideras o papel dos fotógrafos e filmmakers crucial no reconhecimento da Praia do Norte pelo mundo?
Tenho este tema de conversa com várias pessoas, e a minha resposta é que tudo isto que estamos a presenciar hoje em dia foi devido a uma só imagem. Essa imagem chegou à pessoa certa e o resto é história. Se não houvesse imagens que comprovassem os recordes do Garrett não teríamos nada do que está a acontecer. Os surfistas necessitam de imagens para mostrar as conquistas dentro de água ao mundo, é o chamado “ver para crer”.
O que sentes ao ver uma exposição tua no Forte de São Miguel Arcanjo?
Como fotógrafo é um prestígio enorme estar exposto num lugar que milhares de pessoas visitam por dia. Mas como nazareno, não há maior orgulho do que estar exposto e inserido com o que é, há séculos, o nosso maior símbolo e património.
Quais são as maiores dificuldades numa profissão como a tua?
As maiores dificuldades são sem dúvida a imprevisibilidade dos acontecimentos, tudo pode acontecer! Há dias que está tudo alinhado e coisas incríveis acontecem, outros dias é completamente o contrário, a Nazaré tem disso. Outra dificuldade é o número de pessoas que ocasionalmente dificultam o nosso trabalho, por vezes até outros fotógrafos, mas penso que isso faz parte. No final, queremos ter a melhor imagem possível, seja ela para mostrar aos amigos ou em trabalho.
Que outras paixões tens e de que modo estas se podem refletir no teu trabalho?
Sempre gostei de desportos de aventura, e estar em modo de descoberta. Conhecer lugares novos é sempre algo emocionante e claro me permite conseguir boas histórias para documentar. Durante a pandemia reativei o meu gosto por ciclismo de montanha, passado alguns tempos estava a fazer 360km em trilhos durante vários dias até Lagos. Este verão irei continuar até à fronteira com Espanha. Estas coisas fazem com que experimente sítios de formas diferentes, ter uma nova oportunidade de ver as coisas de maneira alternativa, um pouco como gosto de fazer com a fotografia.
Objetivos para o futuro no mundo da fotografia?
Continuar a evoluir, e abraçar novas oportunidades. Claro também reativar alguns projectos que ficaram parados durante a pandemia. Gosto de ficar focado em algo, mas também não me revejo em ficar consumido completamente por trabalho.
No último ano cresceu um conceito chamado ‘BigBetter Media’. É um coletivo, em que consiste juntar outros fotógrafos e produtores de vídeo para nos dedicarmos a vários projectos e trabalhos.