CANHÃO DA NAZARÉ
Trata-se de um acidente geomorfológico raro, o maior da Europa e um dos maiores do mundo.
Conhecida pelas suas ondas grandes, perfeitas e incríveis, a Praia do Norte encontra-se sob a influência do fenómeno “Canhão da Nazaré”.
Trata-se de um acidente geomorfológico raro, o maior da Europa e um dos maiores do mundo, que consiste numa falha na placa continental com cerca de 200 quilómetros de comprimento e cinco quilómetros de profundidade.
O “Canhão da Nazaré” canaliza a ondulação do oceano Atlântico para a Praia do Norte, praticamente sem obstáculos, proporcionando a criação de ondas com um tamanho fora do normal em comparação com a restante costa portuguesa. Um verdadeiro playground para os amantes dos desportos de ondas.
O MAIOR DESFILADEIRO SUBMERSO DA EUROPA
“Canhão da Nazaré” é o maior desfiladeiro submerso da Europa que se desenvolve ao longo da direcção Este-Oeste e que atinge os 5000 metros de profundidade na planície abissal onde desemboca. A cabeceira do canhão encontra-se a menos de um quilómetro da costa na direcção Sudoeste.
Esta contiguidade da cabeceira à linha de costa potencia condições oceanográficas singulares que originam processos hidrodinâmicos e de transporte sedimentar, directamente relacionados com a presença do canhão e sua morfologia.
CARACTERÍSTICAS DA ONDULAÇÃO
A proximidade da cabeceira do canhão à costa afecta as características da ondulação nas zonas pouco profundas adjacentes, como se atesta pelo significativo empolamento da onda na Praia do Norte, antes da zona de rebentação em situações de incidência de Oeste.
Este fenómeno deve-se à interacção da ondulação com o bordo norte da cabeceira que resulta numa focagem ou convergência da onda por refracção e consequente empolamento.
O aumento na altura da onda que se verifica a norte da cabeceira do canhão não se confirma a sul desta pois, apesar do bordo sul promover focagem, a baía adjacente inverte o efeito do canhão, espalhando a onda.
MODELAÇÃO DE AGITAÇÃO MARÍTIMA
A modelação de agitação marítima realizada pelo Instituto Hidrográfico, no âmbito do “North Canyon Show by Garret McNamara”, sugere que este efeito depende essencialmente da direcção da ondulação incidente. Os resultados comprovam que o empolamento na Praia do Norte verifica-se apenas de modo expressivo em regimes de ondulação em torno da direcção de incidência de Oeste.
Na figura é apresentada uma situação típica que caracteriza o fenómeno de empolamento na Praia do Norte numa situação de tempestade. A altura significativa na Praia do Norte está próxima dos oito metros, enquanto na baía a sul as ondas têm apenas uma altura significativa da ordem dos quatro metros.